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quarta-feira, 31 de março de 2021

Cães Maus Não Dançam

A minha opinião:

Gosto muito de Arturo Pérez Reverte e este pequeno livro em que humaniza os animais e tem plena liberdade de expressão é excelente, logo nas primeiras páginas. Brilhante mesmo.

Uma das vantagens, que os animais têm em relação aos humanos é que ninguém exige que sejam politicamente corretos. E Arturo dá vazão ao seu e ao meu sentir nesta estória canina.

Viver é perigoso mas o mordaz Nergo não perde o momento. E depois, fingir não é com ele. Os cães maus não dançam. No entanto, ao arriscar a vida e a dos seus amigos esmerou-se. E era lento a pensar, fará se não. Pensar em excesso não é bom para cães como ele e para mais se se têm sangue na memória. Que cãosonagem fabuloso!

Num paralelo com a vida, que pode ser madrasta, sem aviso e apanhados quando desprevenidos, sem perder o norte de que se passa com cães, que têm os seus valores, Arturo provou a sua mestria numa estória que lhe deve ter dado imenso gozo escrever. Não é um romance leve ou fofinho mas basta olhar para a imagem de capa do suposto Negro para realizar o género de romance que se irá ler. Arturo não nos poupa ao confronto com a nossa natureza e a justiça... dos cães.

Autor: Arturo Pérez-Reverte
Páginas: 160
Editora: Edições Asa
ISBN: 9789892348568
Edição: 2021/ março

Sinopse: 
«Nasci rafeiro, cruzamento de mastim espanhol e cão-de-fila brasileiro. Quando era cachorro, tive um daqueles nomes ternos e ridículos que põem aos cãezinhos recém-nascidos, mas já passou muito tempo desde então. Já me esqueci. Há muito que todos me chamam Negro.»

Há vários dias que no bebedouro de Margot, local onde se reúnem os rafeiros do bairro, não há notícias de Teo nem de Boris. Por detrás deste desaparecimento adivinha-se algo tão sinistro que os restantes cães estão em permanente estado de alerta. Seguramente não se trata de nada de bom - é essa a desconfiança de todos e a certeza de Negro, que traz ainda no focinho e na memória as cicatrizes das lutas de outrora. Para ele, a sobrevivência é uma questão de instinto e de experiência. Leal e destemido, Negro embarca então numa perigosa viagem ao passado em busca dos seus dois grandes amigos.

Neste romance negro assombroso, divertido e ao mesmo tempo esmagador, Arturo Pérez-Reverte narra, com a mestria de sempre, as aventuras de um cão num mundo bem diferente do dos humanos. Um mundo que se rege pelas mais elevadas regras - lealdade, inteligência e companheirismo - onde não há lugar para o politicamente correto ou para as convenções sociais. Um mundo em que por vezes há clemência para os inocentes e justiça para os culpados. Pleno de tensão dramática, Cães Maus Não Dançam brinda-nos com uma metáfora sobre a vida e os seus valores (ou a falta deles).

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