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domingo, 30 de maio de 2021

Angoche

A minha opinião:

Uma história criada sobre um Tempo da História, mas que não é um romance histórico.
Angoche era o nome de um petroleiro português que em 1971 teve uma misteriosa viagem em que todos os seus tripulantes e um civil desapareceram. Um sobrinho acompanha o tio no final da sua vida, que muito admira, e fica a conhecer alguns segredos militares e políticos que este retèm. Uma comédia de enganos, como ele bem explica. Reflexões sobre heróis de desastres ultramarinos.

Quatro amigos da formação da Escola Naval fazem parte desta trama. Uma guerra suja subterrânea que faz muitas vitimas e nem um milagre lhes vale. O ofícial de informações que acreditava auxiliar o progresso da humanidade e defender os princípios quando os "doidos do império" destruiram as suas convicções e o seu futuro. Credível. Como a vaidade, a inveja e a mania de grandeza que cega. E por fim, o silêncio cúmplice que cobre os grandes criminosos e os grandes crimes num complexo jogo de interesses e estratégia mas em que tudo ficou esclarecido. 


Autor: Carlos Vale Ferraz
Páginas: 176
Editora: Porto Editora
ISBN: 978-972-0-03403-8
Edição: 2021/ maio 

Sinopse: 
Nacala, 23 de abril de 1971. Um navio da Marinha mercante portuguesa parte desse porto moçambicano com destino a Porto Amélia (hoje, Pemba). A bordo leva a tripulação e um civil, num total de vinte e quatro almas, bem como um importante carregamento de material de guerra destinado ao Exército português no Ultramar. No dia seguinte, de madrugada, um petroleiro encontra esse mesmo navio, de seu nome Angoche, à deriva, incendiado e sem ninguém a bordo, como se de um navio-fantasma se tratasse.
De imediato, a PIDE/DGS abre um inquérito. Os relatórios iniciais mencionam duas explosões, e as teorias para o que aconteceu surgem em catadupa. Não faltam presumíveis culpados a quem apontar o dedo, mas não há provas. Para adensar o mistério, na noite do desaparecimento do Angoche, uma portuguesa, que trabalhava num cabaré da cidade da Beira e é tida como amante de um oficial da Marinha, cai de um edifício. Suicídio ou assassinato, as circunstâncias da sua morte nunca são verdadeiramente esclarecidas, e a dúvida paira…
Depois do 25 de Abril, os relatórios da PIDE/DGS desaparecem. A carcaça do navio, ancorado no porto de Lourenço Marques, acaba por ser afundada. Se testemunhas houve, não falam.
Estes são os factos. A partir deles, Carlos Vale Ferraz constrói um romance puramente ficcional, embora essencial e certeiro, sobre moralidade e heroísmo; e onde se demonstra como a imagem de um país se pode construir, não de verdade e justiça, mas da glorificação dos seus mais vergonhosos feitos.

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