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sexta-feira, 7 de maio de 2021

Volta ao Mundo em Vinte Dias e Meio

A minha opinião:

Não sei o que esperava mas não era certamente este tipo de romance. A estória que se cruza com a arte através do Riijksmuseum é inesperada na voz de uma criança. Leo ama os pais mas não o companheiro do pai e está zangado e pretende fugir. A contagem dos dias é decrescente. A escrita soberba embeleza uma trama amarga. De dor, de abandono, de solidão, de rejeição e de loucura, porque se pode enlouquecer de dor. E apesar do quão duro é interpretar este romance é impossivel não o admirar. As personagens riquissimas num cenário invulgar que varia entre Amesterdão e o interior de Portugal quando Mário (o pai) regressa à casa de infância e resgata a mãe de um dilúvio. Exaltados sentimentos neste romance, em que se confunde verdade e mentira, sonho e fantasia com uma separação filial feita de saudade.

Atreve-te lá agora a distinguir o mau do pior e o bem do que até que enfim. Passado, presente e o futuro que houvesse, viajavam no caudal de um rio sem margens onde a vida se ordenasse. E em vinte e um dias e meio... a água aquietou-se e por fim alcançaram o destino que aguardavam.

Autor: Julieta Monginho
Páginas: 180
Editora: Porto Editora
ISBN: 978-972-0-03222-5
Edição: 2021/ abril

Sinopse: 
Um dia – na realidade, num somatório de dias –, uma criança decide empreender uma viagem. A ideia é fugir de uma vez por todas: já não lhe bastam as visitas periódicas ao Rijksmuseum de Amsterdão para brincar com o cão Puck, em exibição na sala 1.15, ou as escapadelas ao moinho do outro lado da casa amarela. A braços com uma família disfuncional assente num triângulo desamorável formado por foragidos – do amor, do talento, dos traumas de uma infância reprimida e passada no Portugal rural –, a fuga de Leo é quase um imperativo moral, uma imposição hereditária. Do outro lado da fuga, o dilúvio, o mais universal dos mitos, oferece às personagens, vítimas da lógica e dos paradoxos das suas vidas, e a nós, leitores, essa possibilidade de, purificando a humanidade, abrir caminho ao renascimento e à renovação.

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