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quinta-feira, 19 de agosto de 2021

A Outra Metade

 

A minha opinião:

Desafiada comecei a ler este romance, que era mais um que tinha pendente, convicta de que era excelente e inadiável. 

Um romance no feminino. 
As gémeas, Desiree e Stella, eram como espelho uma da outra e procuravam formar a sua identidade num lugar muito peculiar. E tinham expectativas que as levaram a partir. Jude e Kennedy são determinantes. Duas outras personagens antagónicas e bem definidas nesta saga familiar em que a raça é o tema subliminar mas não o único.

A escrita em tom confessional e despojado surpreende mas não tanto como o que desvenda sobre o sentir e as escolhas não isentas de culpa que marcaram estas personagens bem caracterizadas num quadro de época. E o desfecho foi convincente neste romance que não desiludiu e que li de uma assentada (ou quase, se não existissem outras leituras em curso).
Muito bom, Recomendo.

Autor: Brit Bennett
Páginas: 384
Editora: Alfaguara Portugal
ISBN: 9789897843082
Edição: 2021/ junho 

Sinopse: 
As gémeas Stella e Desiree Vignes, tão idênticas de feições quanto diferentes de feitio, nasceram para contrariar a profecia.
Geração após geração, a comunidade negra desta pequena localidade, no Estado sulista de Luisiana, esforça-se por aclarar o tom da sua pele, favorecendo os casamentos mistos. Desiree e Stella são disso um bom exemplo, com a sua pele «cor de areia húmida», olhos castanho-avelã e cabelo ondulado. Mas a aparência não basta para as livrar do estigma, e acabam por assistir à morte violenta do pai, à humilhação da mãe depois disso.

Aos dezasseis anos, escolhem fugir juntas da terra sufocante. Pretendem escapar ao seu sangue e libertar o seu futuro. Mas a fuga para Nova Orleães acaba por ditar o afastamento das irmãs, até então inseparáveis.

Catorze anos mais tarde, Desiree volta à casa materna, arrastando pelas ruas poeirentas da terra uma filha de pele «negra como o alcatrão», que atrai todos os olhares do lugarejo retrógrado. Stella, por seu lado, tem a vida construída numa mentira: vive na Califórnia, faz-se passar por branca, e o marido nada sabe do seu passado.

Apesar de tantos quilómetros e tantas mentiras a separá-las, os destinos das gémeas estão inevitavelmente entrelaçados. E voltarão a cruzar-se, porque é impossível renegar a metade que nos pertence.

Na saga desta família que atravessa quatro décadas e vários Estados, Brit Bennett cria uma história de apelo universal e intemporal. Não se detendo no inevitável tema central da raça e da identidade, A Outra Metade reflecte sobre o peso do passado no presente, pondera as consequências e os limites da reinvenção pessoal e oferece uma meditação poderosa sobre a família e a liberdade individual.

Um romance sensual, envolvente e inquietante, de uma das grandes revelações da literatura americana dos últimos tempos.

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