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quinta-feira, 22 de setembro de 2022

A Profeta

 

A minha opinião:

 Não sei de onde tirei a ideia de que era um livro de contos. Sob esse prisma, cada capítulo tem o nome de uma personagem que carrega uma dor percepcionada pela protagonista e narradora Mariana. Cada uma dessas personagens tem uma história enquanto vítima. E como leitora fiquei desconcertada, sem perceber estes atos de libertação nada éticos mas ainda assim muito bem escritos e empáticos que têm o seu fascínio. O lado negro exposto. O lado que tanto se renega e oculta mas que neste romance se impõe. A não aceitação leva à justiça pelas próprias mãos. E gera seguidores, até de entre os leitores. E o que dizer das muitas questões que se coloca, nomeadamente sobre o que se crê ou ilude. O que é difícil de assumir ou tolerar. Sem deixar o mantra: acredita em ti e segue a profeta que acredita em si mesma.

Crítica social. O invisível. Promissor vindo de uma jovem escritora.

"Guardem as vossas experiências de voluntariado e não insistem em dizer-me que ajudam no que podem, que dão o que têm, que se solidarizam com as causas que consideram nobres. 
As vossas vidas são nuitas cheias de vós. São cheias dos vossos pequenos dilemas, das vossas escaladas sociais, das vossas ambições desmedidas e dos vossos dramas teatrais , que vos ocupam o tempo que têm e aquele que se queixam de não ter."

Autor: Maria Francisca Gama
Páginas: 152
Editora: Suma de Letras
ISBN: 9789897846076
Edição: 2022/ junho

Sinopse: 
Uma nova voz da ficção portuguesa com um livro original e profundo.

Mariana é uma jovem mulher solitária. Tem um emprego do qual não gosta, passa os dias e as noites sozinha a ler um livro misterioso. Sente um profundo desprezo pela Humanidade, mas não consegue evitar ajudar quem precisa, mesmo que a ajuda venha na forma de um frasquinho de veneno indetetável.

Através das pessoas com quem se vai cruzando, todas vítimas de alguém, Mariana vai eliminando o mal do mundo e, ao fazê-lo, junta uma legião que jura segui-la para sempre, como a uma profeta.

Neste livro, Maria Francisca Gama faz uma reflexão sobre a religião, o certo e o errado, e a aleatoriedade de acontecimentos que em segundos destroem uma vida. É a incapacidade de aceitação e a busca por uma justiça divina que, não chegando, é feita pelas próprias mãos.

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