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quarta-feira, 22 de março de 2023

Chamem-me Cassandra

 

A minha opinião:

Atípico. Não pela linguagem que é delicada e elegante ou pela fluidez da escrita com capítulos curtos mas porque o narrador é um jovem cubano transgénero que foi combater para Angola, sabendo o que o espera, Chamem-me Cassandra é quem foi. E se se espera um romance que se centre apenas nesta pecularidade não acontece. 

Poderia ser uma grande confusão com os saltos no tempo e no espaço de Cuba a Angola e a mudança de registo quando recupera o mito mas é trágico, belo e comovente, sem perder o prumo ou o rumo e sem se impedir de fazer o enquadramento histórico. Os preconceitos e os abusos nãoi faltam. A violência também não. E as pessoas... vulneráveis Presságio Raúl Iriarte/ Cassandra.

Autor: Marcial Gala
Páginas: 224
Editora: Quetzal Editores
ISBN: 9789897228339
Edição: fevereiro/2023

Sinopse:
Rauli é um menino de dez anos que adivinha o futuro e se sente como uma mulher que nasceu no corpo de um homem. Uma história de iniciação sobre a Cuba dos anos 70, durante a guerra em Angola.

Como Cassandra (filha dos reis de Troia, irmã de Heitor e Páris, sacerdotisa de Apolo), Rauli tem o dom da profecia e a maldição de ninguém acreditar nele. É um rapazinho de compleição clara e delicada, quase feminina, dado à contemplação e ávido leitor dos clássicos. Nasceu no corpo errado e prevê o futuro: desde cedo sabe que irá combater em Angola e que morrerá trespassado por balas e pela homofobia.

Entre a infância e a adolescência, o romance trata da busca pela identidade num contexto hostil, além de testemunhar o colapso do sonho do «homem novo» e da utopia internacionalista. Lírico e histórico ao mesmo tempo, Chamem-me Cassandra reconstrói o quotidiano da Cuba dos anos 70, com um olhar amoroso pelas suas personagens e uma grande capacidade de ligar o mito clássico e as figuras da guerra de Troia ao enredo da guerra de Angola. Um romance de iniciação e identidade que cativa desde as primeiras páginas.

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