Páginas

sexta-feira, 12 de maio de 2023

Os segredos de Juvenal Papisco

 

A minha opinião:

O que me atrai para certos romances difere mas o que me faz ficar tem de cativar. A linguagem e a escrita na narrativa de Bruno Paixão encantam. Requintada e ritmada dá uma vontade danada de ler em voz alta enquanto caracteriza personagens, descreve ou desenvolve a estória. O padre Juvenal é a enigmática personagem central mas tantos outros importa como a Xêpa Alma ou Nabôr Cuenca. O jornal A Trama que à luz da chama se lia lança rumores que o Judas partilha e afeta a vida em Orão. As peripécias e aventuras rocambolescas sucedem-se e são muitas, em que não falta engenho e astúcia. E tanto está em causa, como corrupção ou exploração dos menos favorecidos. Um romance apaixonante que não cessa de surprender. Adorei.

Autor: Bruno Paixão
Páginas: 272
Editora: Porto Editora
ISBN: 978-972-0-03610-0
Edição: fevereiro/2023

Sinopse:
Orão é um lugar de sangue quente, cheio de superstições, habitado por personagens memoráveis como a benzedeira Xêpa Alma, o corrupto alcaide Heitor Raimundo ou o diligente boticário Zaqueu Soeiro. Destaca-se, entre eles, Juvenal Papisco, um padre de temperamento espontâneo e cru que sucumbe sem pudor aos prazeres e às imperfeições e que não suporta as injustiças que se perpetuam em Orão, avivadas pelo predomínio dos senhores de sempre.
Quando o jornal clandestino A Trama acusa Ismael Macho de andar metido com a mulher de outro, todos temem uma desgraça, e Ismael acaba mesmo por morrer durante a procissão da Virgem Santíssima, em circunstâncias estranhas. Todos as suspeitas recaem sobre o marido enganado, mas este nem à força de porrada admite a autoria do crime, para desespero do coronel Moniz.
Os segredos de Juvenal Papisco é um romance de estreia memorável, que com uma fina ironia e um apurado sentido caricatural se apresenta como uma metáfora social, expondo a traição, a urdidura política, as fraquezas da justiça, o espaço conjugal como campo de sonhos e de utopias e as mezinhas respondendo ao que a medicina não pode.

Sem comentários:

Enviar um comentário