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domingo, 5 de outubro de 2014

A mulher de Cabelos Loiros e o Homem do Chapéu

Autor: Deborah McKinlay
Edição: 2014/ agosto
Páginas: 240
ISBN: 9789892328003
Editora: ASA

Sinopse: 
Tudo começa com uma carta.
Eve Petworth escreve-a com o objetivo de felicitar um dos seus escritores favoritos. 
Jackson Cooper lê-a e, embora tenha tudo o que um escritor de fama mundial possa desejar, sente uma ligação imediata com a sua autora. Algo que, percebe então, o sucesso e o dinheiro não compram. 
Não se conhecem pessoalmente e têm pouco – ou mesmo nada – em comum.

Eve é inglesa e vive voluntariamente enclausurada em casa. O mundo fora de portas angustia-a. As relações sociais paralisam-na. É uma romântica que se condenou à solidão. 
Jackson é americano e vive rodeado de pessoas, principalmente mulheres. Mas ninguém consegue ajudá-lo a ultrapassar o bloqueio criativo que o atormenta secretamente. É um artista sem rumo. 
Em jeito de evasão, Jackson transfere o seu impulso criativo para a cozinha. Infelizmente, a sua nova namorada é vegetariana e pouco dada a devaneios gastronómicos. Essa é uma lacuna que Eve está mais do que habilitada a preencher, dada a energia que dedica às mais delicadas e complexas iguarias. E quando trocam receitas e segredos culinários, a distância entre ambos quase se extingue. Uma distância que é simultaneamente reconfortante (para Eve) e tentadora (para Jackson). 
O escritor está disposto a arriscar quebrar a magia que esta improvável amizade trouxe à sua vida e propõe um encontro na cidade mais gourmet do mundo: Paris.
Não podia saber que a ansiedade patológica de Eve torna esse sonho impossível...

A minha opinião: 
Uma histórira que nos é contada com tal delicadeza, que damos por nós atentos a duas personagens em dois pontos distintos do globo terreste com uma atração comum... por comida. Não por gula, mas requinte e sofisticação de duas almas gémeas que nada sabem uma da outra, e que retiram prazer no ato de preparar saborosos pratos, que degustam deliciados e partilham um com o outro.

O tipo de envolvência que confundimos com ligeireza ou leveza, num enredo que convida a uma leitura serena.  

"Uma leitura que se abranda, de propósito, para apreciar a escrita, o humor nas frases breves, as descrições evocativas das refeições e dos cenários. (...) Um livro que nos faz sentir a solidão que estava subjacente na história que saía das páginas."  

O titulo intriga por parecer inusitado e nada revelar. A imagem da dama da capa transporta-nos para o passado e a sinopse convida à leitura para quem tem esse vício. Quem resiste a um platónico contacto com o seu escritor favorito iniciado por carta?! As palavras certas para um escritor bloqueado e desencantado, de uma admiradora com um outro tipo de bloqueio, resultado de carregar um fardo demasiado pesado durante muito tempo. Um fardo que a progenitora lhe colocara em cima sem contemplações. Um ímpeto de momento de profundo prazer levaram-na a escrever uma breve missiva, que desencadeou uma intensa correspondência entre ambos. 

Um livro que consegue fazer o que as boas histórias sempre conseguem: fazer-nos esquecer de nós.

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