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domingo, 14 de abril de 2019

História de uma Família Decente

A minha opinião:
- Mas porque é que vocês me obrigam a fazer destas coisas?

A habitual pergunta que o pai de Maria "Malacarne" repetia à família antes de perder a paciência ou imediatamente a seguir a ter desatado à pancada à direita e à esquerda. Cliché, em situações de violência doméstica. Terrivelmente banal e intemporal. Uma família imperfeita e genuína.

A história de vida de uma mulher italiana. Começa nos anos 80. Maria tinha nove anos e observava a dureza e fealdade do bairro em que vivia. A amizade em segredo entre ela e outra criança, Michele, invisíveis aos olhos dos outros, preservava-os da sordidez do meio. 
Maria era inteligente e pode continuar a estudar. Sagaz, cedo desenvolveu um sexto sentido na compreensão das pessoas.

Narradora inata. Rosa Ventrella é brilhante. Nada entediante. Descrições que ganham vida aos olhos do leitor, mas em que não encontro paralelo especial com os livros de Elena Ferrante. O título e a capa explicam o cerne desta história. Malacarne e a sua família decente. Um romance cinematográfico, de que fiquei completamente viciada e li sofregamente.
Muito bom. Para quem gosta de avaliações, a nota máxima. 

Autor: Rosa Ventrella
Tradução: J. Teixeira de Aguilar
Edição: 2019/ março
Páginas: 320
ISBN: 9789722066716
Editora: Dom Quixote

Sinopse:
Sul de Itália, anos 80. Os verões em Bari velha são passados entre os becos de lajes brancas, onde as crianças se perseguem pelas curvas de um labirinto de ruelas, no meio dos aromas dos lençóis estendidos em arames e dos molhos saborosos.

Maria, de doze anos, cresce aqui com os dois irmãos mais velhos. É uma menina pequena e morena, com feições selvagens que a tornam diferente das outras crianças - uma boca grande e dois olhos quase orientais que brilham como pequenos buracos - e uma certa maneira de ser hostil e insolente que lhe valeu a alcunha Malacarne.

Vive numa terra sem tempo, num bairro onde os abusos são sofridos e infligidos, e de onde é muito difícil escapar. No entanto, Marì não está disposta a submeter-se a normas que não respeita. O seu único apoio é Michele, o filho mais novo do clã Senzasagne, a gente mais decadente de Bari velha.

Apesar da hostilidade entre as suas famílias, entre ambos surge uma amizade delicada, quase fraternal, que o tempo converte em amor.
Um amor que, embora impossível, os preserva do rancor do resto do mundo.

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