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domingo, 27 de dezembro de 2020

O Bisavô

 

A minha opinião:

Fui surpreendida, o que adoro, quando é pela positiva. Romance histórico, para quem estudou um pouco é sinónimo de detalhes e minúcias que tiveram relevãncia no tempo e no lugar. Ora, dependendo de como a recriação é feita pode ser fascinante ou maçante. 

A endiabrada narrativa carregada de termos irreverentes e muito nossos, com personagens vibrantes, prova que Maria João Lopo de Carvalho para além de uma investigadora é uma sagaz contadora de histórias. E pensar que esta viagem começou com um envelope vazio endereçado à Bisneta. O resto é Manuel Caroça que faz. Visionário e destemido consegue assegurar o futuro e garantir uma história de vida fascinante que a bisneta soube contar.

As notas de rodapé fundamentam com factos históricos os dados da narrativa. Uma mais valia para este romance fluído.

Muito bom. 

Autor: Maria João Lopo de Carvalho
Páginas: 800
Editora: Ofícina do Livro
ISBN: 9789896609276
Edição: 2020/ outubro

Sinopse: 
Talvez por culpa da mãe, Cândida Patrício, o jovem Manoel Caroça fez-se um sonhador. A pesada e granítica cidade da Guarda já não lhe bastava, nem o vale rochoso onde o pai imperava. Ambicionava mais do que aquela terra e os seus frutos, queria conhecer mundo. E o mundo era Lisboa, era Paris, eram as Colónias onde enriqueciam os portugueses…

O Bisavô é a história de Manoel Caroça, bisavô da autora. É ele o elo que une três gerações de uma família poderosa, que a partir da Guarda conquistou Portugal. O percurso do milionário confunde-se com o de um país em convulsão, abalado pela queda da monarquia, a eclosão da Grande Guerra, a tuberculose e a pneumónica, a grande depressão. E, numa época quem que se fizeram e desfizeram grandes impérios financeiros, vemos como os antepassados da autora marcaram os rumos do país.

Da sobrevivência ao esplendor, da espionagem à intriga nos palácios da família, dos amores improváveis aos casamentos contrariados, do riso às lágrimas, esta é a saga inédita de um espírito rebelde - rigorosamente reconstruída graças às memórias, ainda vívidas de uma descendência vasta, bem como às cartas e documentos desenterrados dos baús de família.

Ironicamente, ao escrever a sua obra mais íntima e pessoal até à data, a autora de Marquesa de Alorna oferece-nos o seu mais conseguido fresco do nosso país - esta família é o retrato de Portugal.

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