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quarta-feira, 2 de dezembro de 2020

O tempo nos teus olhos

 A minha opinião:

Já o disse e repito que, tem sido uma agradável surpresa descobrir bons autores portugueses que me emocionam ou comovem com histórias simples de vida em que apelam aos sentidos e às memórias. Não desilidiu este romance. Muito pelo contrário. A empatia pela maioria das personagens e a aversão por umas poucas, levou me a ler este romance com entusiasmo e sofreguidão.

E depois... Os temas são me caros. A solidão e o desamparo dos mais velhos que se sentem inuteis e desnecessários quando perdem o companheiro(a) de uma vida. A estupidez dos filhos que acham que para tomar posse do que julgam que lhes é devido, esquecem a generosidade e o amor que lhes foi dedicado. E a simplicidade da vida que segue sempre o seu curso, proporcionando encontros e momentos felizes que valem por uma eternidade. 

José Rodrigues usa a linguagem dos afetos e conta histórias ternas com  suavidade e um ou outro sobressalto. Narrativas sobre familias e o quotidiano. As imagens que pautam cada capítulo são um deleite para a vista e um apelo aos sentidos, complementado com os detalhes escritos que fazem parte das nossas memórias colectivas. Um bálsamo para a alma.

O gato Nicolau. Não me podia esquecer desta silenciosa personagem secundária, testemunha do sentir do dono(a) a quem não recusa atenção e companhia sem perder a sua liberdade. Os gatos escolhem e bem a quem dedicar a sua afeição.

Autor: José Rodrigues
Páginas: 344
Editora: Coolbooks
ISBN: 978-989-766-185-3
Edição: 2020/ junho

Sinopse: 
O coração é maior que a perda, porque a vida é maior que a dor, e a saudade e a felicidade não têm limites, nem tabelas, nem distâncias...

Uns dias antes de comemorar as bodas de ouro, a tragédia bate à porta de Manuel, com a morte da mulher da sua vida. As filhas, Helena e Luísa, há muito longe de casa, insistem que o futuro do pai passe pelo lar de idosos da vila mais próxima.
Na casa de Manuel, sucedem-se as reuniões familiares e as desavenças que o martirizam. Entre elas, valem as visitas carinhosas do filho mais novo e da neta, cúmplices da sua autonomia e capacidade de decisão, bem como a presença constante de Nicolau, o gato, companheiro fiel e atento ouvinte dos longos desabafos do septuagenário.
A solidão crescente e o agravamento de alguns problemas de saúde fazem com que Manuel ceda, mas apenas temporariamente, às pretensões das filhas.
Surpreendentemente, aquilo que seria o fim transforma-se no início de uma grande etapa na sua vida, entre novos sentimentos, novas pessoas e novos lugares. Na sua jornada de redescoberta da felicidade, Manuel muda completamente a vida de todos os que o rodeiam...

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