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sexta-feira, 5 de fevereiro de 2021

A Lua e as Fogueiras

 

A minha opinião:

Que livro! 
Este ano foi o melhor que li!

"É preciso ter uma terra, mais que não seja pelo gosto de a deixar. Uma terra quer dizer não estar só, saber que nas pessoas, nas plantas, no chão há alguma coisa de nosso, que mesmo quando lá não estamos fica à nossa espera. Mas não é fácil estar lá sossegado. "  (pag.18)

A escrita é sublime e a narrativa é cativante e viciante.

"Que julgas tu? A lua é para todos, como a chuva, como as doenças. Tanto faz viver num buraco como num palácio, o sangue é vermelho em todo o lado. 
- Mas então o que diz o padre, que é pecado?
- É pecado à sexta-feira - dizia o Nuto, limpando os lábios - mas, há os outros seis dias."  (pag.89)

Dois pequenos excertos deste pequeno e magistral romance que são demonstrativos do talento deste autor que vivenciou tantos acontecimentos relevantes do sec. XX e soube transmitir por palavras simples a formação de um homem que correu mundo e vinte anos depois regressou à sua terra e continuou a aprender sobre a natureza e o comportamento humano na companhia do seu melhor amigo. Intemporal. Brutal!

Obrigada Porto Editora. 

Autor: Cesare Pavese
Páginas: 160
Editora: Livros do Brasil
ISBN: 978-989-711-118-1
Edição: 2021/ janeiro

Sinopse: 
Depois de vinte anos emigrado na América, um homem regressa à Itália da sua juventude. Percorre os caminhos da aldeia onde viveu ainda rapaz, atravessa os campos e descobre que à sua volta tudo mudou. Tudo menos a paisagem e Nuto, um velho amigo com quem gosta de falar do passado. Ao seu espírito acorrem as imagens de outros tempos, os primeiros amores, as primeiras experiências de vida, mas entretanto outros acontecimentos intervêm, já não recordações, mas a cega loucura do presente, outros fogos que não são já as fogueiras que os camponeses acendiam, mas incêndios provocados pela raiva ou pelo desespero. Romance que precede em poucos meses o suicídio do autor, em 1950, A Lua e as Fogueiras é uma história sobre a passagem do tempo, as cicatrizes que se acumulam no homem e, em contraponto, a impassibilidade da natureza. Um texto que revela em pleno os talentos de Cesare Pavese.

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