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sexta-feira, 22 de outubro de 2021

Deus Pátria Família

 

A minha opinião: 

Uau! Que romance tão bom. Superou em muito as minhas expectativas. Adoro quando sou surpreendida e um autor que mal conheço me impressiona desta maneira (li apenas um dos seus primeiros romances). A distopia começou por me atrofiar mas depois tornou-se parte do gozo de acompanhar os Paixões Leal num Portugal cinzento e conspiratório de 1940.

Intriga e mistério quando surgem os crimes de mulheres jovens em que os corpos ficam próximos de lugares de culto e as vitimas ficam com a iconografia das santas católicas, ou seja, preparadas ritualmente com manto branco, terço, hóstias e de mãos entrelaçadas. E que correlação existe com um atentado político em que antisemitismo toma dimensões assustadoras num país neutral?

Poderia ser complicado mas até é simples na escrita exemplar de Hugo Gonçalves.
Autor: Hugo Gonçalves
Páginas: 456
Editora: Companhia das Letras
ISBN: 9789897842832
Edição: 2021/ maio 

Sinopse: 
Lisboa, 1940
Uma mulher é encontrada morta no santuário do Cabo Espichel, envolta num manto branco, com um rosário entre os dedos. Os peregrinos confundem-na com uma aparição de Nossa Senhora. Os detetives encarregados do caso não vão em delírios, mas também não imaginam que aquele é apenas o primeiro homicídio.

Vivem-se tempos estranhos: os tanques alemães avançam Europa fora e a bandeira nazi é içada na torre Eiffel. A Lisboa chegam milhares de estrangeiros e refugiados judeus, que escolhem a capital portuguesa como abrigo temporário ou porta de saída para uma vida sem medo.

As vítimas vão-se sucedendo: todos os meses, aparece mais uma mulher morta, numa sucessão de crimes de matizes religiosos. A Polícia de Investigação Criminal entrega o caso a Luís Paixão Leal, ex-pugilista de memória prodigiosa, com um olho de vidro e um passado misterioso em Nova Iorque. O detetive, que vê na justiça uma missão de vida, empenha-se em descobrir o culpado.

Até que, numa manhã de domingo, tudo muda: um golpe violento afasta Salazar do poder e sacode o xadrez político do país. Portugal abandona a neutralidade na guerra e alinha-se com as forças do Eixo. Nas ruas da capital, começa o cerco aos refugiados judeus e ecoam as tenebrosas memórias das perseguições da Inquisição.

Com a reviravolta política, Paixão Leal vê-se no centro de uma conspiração ao mais alto nível. O detetive, que vive com uma judia alemã e os seus dois filhos, sente a ameaça a bater-lhe à porta. Num mundo à beira do colapso, pagará um preço caso insista em desvendar a verdade.

Dos loucos anos 1920 nos Estados Unidos à convulsa década de 1940 em Portugal, chega-nos uma versão alternativa do nosso passado, com ecos no presente, porque basta uma única reviravolta para mudar o rumo de um país e assombrar milhares de vidas. Entrelaçando um mistério policial com uma saga familiar, Deus Pátria Família é um romance magnético do autor finalista dos Prémios PEN Clube e Fernando Namora.

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