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domingo, 11 de fevereiro de 2024

As Herdeiras

 

A minha opinião:

 Mais um livro no feminino e de uma autora espanhola. Coincidência ou talvez não porque é o tipo de romance que muito gosto de ler. No entanto, este livro não é nada fácil porque todo ele é emoção e sentimento.

Quatro personagens femininas, problemáticas e rivaism irmãs e primas, herdeiras. A dor que estas personagens expressam à vez tem uma razão que o leitor procura descortinar. A dor de um suícidio inexplicável, a dor do luto, a dor de um trauma, a dor da perturbação mental, a dor da solidão e do vazio, a dor da dependência química e até a dor fisíca. 

A escrita apurada humaniza estas quatro mulheres - Lis, Erica, Nora e Olívia, que têm tanto de nós. Ténue linha separa a sanidade da loucura quando a culpa, o medo, a insegurança e o desejo perturbam o espírito. Inquietante e vertiginoso. Muito bom.

Autor: Aixa de la Cruz
Páginas: 304
Editora: Dom Quixote
ISBN: 9789722080828
Edição: janeiro/2024

Sinopse:
Passaram seis meses desde que Dona Carmen cortou os pulsos na banheira, e ainda ninguém percebeu porquê, pois tinha ao seu alcance comprimidos suficientes para acabar com a vida de outra maneira. Isto descobrem, intrigadas, as suas quatro netas - Lis, Erica, Olivia e Nora - quando se instalam na casa da aldeia onde a avó vivia e que lhes foi deixada em testamento.

Lis, que tem um filho pequeno, está ainda a recuperar de um trauma que sofreu ali dentro e só lhe interessa vender tudo e seguir em frente, enquanto a sua sonhadora irmã Erica planeia organizar no local retiros espirituais e passeios na natureza. Por sua vez, Olivia - a prima mais velha, que se formou em medicina por ter visto o pai morrer com um enfarte - não desiste de procurar em tudo o que é gaveta uma pista que explique o que realmente levou a avó a suicidar-se; e Nora, a sua desastrosa irmã, tem a ideia maluca de deixar o seu dealer usar o espaço como depósito de «mercadoria»; de resto, é ela quem a dada altura diz sem complacência: «Parece que um suicídio na família confirma a suspeita de sempre, de que a loucura corre nos genes, de que estamos biblicamente perdidas.»

Aixa de la Cruz constrói neste romance intenso e dramático - considerado um dos melhores livros de 2022 pelo jornal El País - a ideia da família como lugar de dissensão e calamidade, explorando a ténue fronteira que existe entre loucura e sanidade.

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