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segunda-feira, 12 de agosto de 2019

A Mulher que Correu Atrás do Vento

A minha opinião:
Finalmente li um livro de João Tordo.
Não sei ao certo ou se existe um porquê, mas nunca antes me senti tentada a ler os romances deste autor. A minha absurda anterior aversão por autores portugueses, de quando em quando, impõe-se. Lúgubre, era o que imaginava. No meu grupo de amigos o afecto não é consensual e talvez tenha sido essa a percepção que me ficou.

Não é um livro que nos conquiste de imediato. A escrita requintada não é fluída, dada a complexidade das personagens femininas que se procura compreender. 
A Lia encantou-me com a sua força dissimulada de fraqueza e fiquei agarrada. Lisbeth, uma mulher desfasada do seu tempo, depois do desconforto inícial também me seduziu. Não esperava o desconforto final. 
A estranheza e a curiosidade levaram a melhor na ligação entre as partes distintas de uma narrativa longa e algo confusa, se não for lida com alguma atenção.

"Nada é verdade, respondeu ele. E, contudo, o que se aprende ao escrever é que tudo é verdadeiro, mesmo quando mentimos." (pag.205)

Fantástica definição de um romance. 

O abandono, a solidão, a vergonha e a culpa que cercam estas mulheres, ligadas por um romance no final do sec. XIX. Trágico e muito bom.

Autor: João Tordo
Páginas: 504
Editora: Companhia das Letras
ISBN: 9789896657604
Edição: 2019/ Março

Sinopse:
1892, Baviera. Lisbeth Lorentz, uma professora de piano, apaixona-se por um aluno de 13 anos que sofre de autismo. Ao descobrir que ele é um prodígio, instiga-o a compor um concerto durante as aulas e, um dia, sem explicação, fá-lo desaparecer.

1991, Lisboa. Beatriz, uma estudante universitária —que sonha com o toque das mãos da mãe falecida —envolve-se com o autor d’A História do Silêncio, um romance sobre Lisbeth Lorentz. Ao mesmo tempo, enquanto voluntária num abrigo para mendigos, Beatriz conhece Lia, uma jovem adolescente com um passado incógnito e um presente destruído.

1973, Londres. Graça Boyard, portuguesa, dá à luz a primeira e única filha. Fugida de Lisboa durante as cheias de 1967, para escapar à tirania do pai e à mordaça da ditadura, regressa à capital após a Revolução, tornando-se uma actriz de renome —e abandonando a filha ainda criança.

2015, Lisboa. No consultório de uma terapeuta, Lia Boyard desfia a sua história, dos anos de mendicidade ao momento em que decide procurar a mãe. É aqui que começam a unir-se as pontas de um romance a várias vozes: a história de quatro mulheres - Lisbeth, Graça, Beatriz e Lia - que atravessam um século de História e diferentes geografias, unidas por uma força que transcende a própria vida.

Um livro sobre o poder do amor e o vazio da perda, sobre a amizade que nasce das circunstâncias mais improváveis e o terrível poder da confissão. E, quase no final, uma revelação chocante, a reviravolta que faz deste romance de João Tordo uma narrativa magnética.

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