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quarta-feira, 20 de novembro de 2019

Longa pétala de mar

A minha opinião:
"Uma longa pétala de mar, de vinho e de neve" com uma "cintura de espuma negra e branca"  era como Pablo Neruda havia definido o Chile, o que não era suficiente para o dar a conhecer aos mais de dois mil espanhóis que embarcaram a 4 de agosto de 1939 como refugiados para este país. A odisseia do exílio.

135 páginas antes percebemos o que os levou a este destino numa narrativa dramática e veloz mas repleta de alento e esperança. A extraordinária Isabel Allende no seu melhor.

Roser e Victor são os protagonistas que viviam numa cumplicidade profunda que suavizava as penúrias do dia a dia e os fantasmas do passado numa narrativa apaixonante sem pontas soltas. Garanto!

Pablo Neruda tem um papel preponderante, embelezando este romance com várias citações. Procurei confirmar a veracidade desse papel mas não o consegui inicialmente o que estranhei dado que todo o romance apresenta rigor histórico.

"Cada um carrega às costas a sua história e a vontade de a contar. " (pag. 247)
Com um fulgor inebriante Isabel Allende sabe contar a História que o Chile carrega às costas. A memória é fraca e tudo se esquece e tudo descarta, mas ela recorda-a com vontade de a contar. 
Eu, aplaudo, reconhecida, um grande romance com personagens admiráveis, que não será fácil  esquecer. 

Autor: Isabel Allende
Páginas: 392
Editora: Porto Editora
ISBN: 978-972-0-03233-1
Edição: 2019/ Novembro

Sinopse:
Espanha, final da década de 1930. A vitória iminente das tropas franquistas na Guerra Civil obriga milhares de pessoas a abandonar o país, numa perigosa viagem através dos Pirenéus. Entre eles, Roser Bruguera, uma jovem viúva, e Víctor Dalmau, médico e irmão do falecido marido de Roser.
Em França, conseguem embarcar no Winnipeg, um navio fretado pelo poeta Pablo Neruda que transportou mais de 2 mil espanhóis até ao Chile - essa «longa pétala de mar, de vinho e de neve» -, onde são recebidos como heróis.
Víctor e Roser integram-se com sucesso na vida social do país de acolhimento, durante várias décadas, até ao golpe de Estado que derruba Salvador Allende, parceiro de xadrez de Víctor Dalmau. Os dois amigos de toda uma vida são de novo forçados ao exílio, mas, como diz a autora, «se vivermos o suficiente, todos os círculos se fecharão».

Isabel Allende propõe-nos uma viagem através da História do séc. XX, pela mão de personagens inesquecíveis que descobrirão que numa só vida cabem muitas vidas e que, por vezes, o difícil não é fugir, mas regressar.

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