A minha opinião:
Aurora Venturini já é imperdível com mais este romance que leio. Não será certamente do agrado de todos mas eu adoro a narrativa despudorada e mordaz em que não há lugar para coitadinhos. Tudo muito nu e cru. Sem paliativos.
Maria Micaela é a primogénita feia e sobredotada não amada pela familia e a narradora desta história. A intelectual que aprendeu o desdém.
"A Chela, natural e primitiva na forma, profundamente culta no conteúdo, era algo impossível de suportar."
Fácil perceber que as vivências e a ficção se confundem e se dúvidas houvesse a nota preliminar esclarecia que Aurora não teve filhos devido ao medo de gerar seres monstruosos.
Vertiginoso romance que tem um efeito hipnótico. O leitor é arrastado num turbilhão com ambíguos sentimentos. Incrivel. E tão bom.
Autor: Aurora Venturini
Páginas: 248
Editora: Alfaguara Portugal
ISBN: 9789897872358
Edição: março/2024
Edição: março/2024
Sinopse:
A história de uma família mergulhada na infâmia, narrada por uma rapariga sobredotada, com problemas emocionais: ingredientes para um romance de alta voltagem.
«De um só golpe, destruí a segunda juventude da minha mãe, talvez a única.» Assim conhecemos María Micaela Stradolini, ou Chela, protagonista inolvidável deste romance, ambientado na alta burguesia argentina dos anos 1920. A irrequieta e antissocial Chela mergulha num baú de papéis e fotografias, tesouros perdidos da sua biografia e da sua família. Ela, que nunca foi nada para ninguém e que é incapaz de se comover, até com a morte do que foi o seu grande amor, vai usar estes objetos para regressar a uma infância de menina rica e talentosa, magra demais e morena demais para o gosto da época. o retrato do que a rodeia é sombrio: a mãe, uma pianista fracassada, adora apenas Lula, a filha do meio; o pai é frio e psicologicamente violento; Lula insulta constantemente a irmã; Juan Sebastián nasce com uma deficiência profunda.
A ânsia maior de Chela é por libertação e liberdade — encontrará ambas nas viagens que faz como adulta, em busca do seu passado e do seu futuro, incluindo uma viagem à Sicília, onde encontrará, por fim, as raízes da sua singularidade.
Aurora Venturini, celebrizada pelo romance As primas, volta a mostrar-se, com um exímio equilíbrio entre sombra e luz, ironia e profundidade, como uma cronista mordaz da natureza humana. a família Caserta é mais uma brilhante exibição da verve narrativa de uma escritora que se adiantou ao seu próprio tempo.
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