Páginas

domingo, 29 de outubro de 2023

Chuva de papel

A minha opinião:

Glória e Joel. Que dupla! 
Um jornalista da velha guarda desencantado com a vida e completamente falido tem que aceitar ajuda e adaptar-se a uma nova situação. Glória é a pessoa que o vai pôr na ordem e essa interação é deliciosa numa narrativa político-social perturbadora mas espelho da realidade. O humor para contrabalançar a dor. Um livro tocante. Glória é a consciência social de tudo o que está mal. Joel, o testemunho. E no susto lê-se esta história quando se chega na segunda parte com outra personagem forte como Aracy.

Martha Batalha é mais uma autora brasileira que não dispenso. E este romance... marca. É um romance de pandemia e de balanço em que habilmente recua ao passado e retoma a atualidade sem perder o interesse ou o foco. E o foco é o indíviduo, ainda que o próximo que se viveu pareça distante e irreal.
E mesmo noutro continente e noutro contexto convêm não perder de vista o essencial que este romance nos traz. Imperdível.

Autor: Martha Batalha
Páginas: 224
Editora: Companhia das Letras Brasil
Edição: março/2023

Sinopse:
Em Chuva de papel, acompanhamos a trajetória de um repórter policial decadente que precisa encontrar forças para lidar com o dia a dia depois de uma situação inesperada. Nesse percurso, ele descobrirá uma história memorável que o fará escrever novamente. Terceiro livro da autora de A vida invisível de Eurídice Gusmão, este é um romance tragicômico, intenso e sensível.

Joel Nascimento é repórter, arquivo vivo das transformações do Rio de Janeiro. Ele passou meio século nas redações noticiando o lado B da Cidade Maravilhosa, e agora enfrenta dificuldades financeiras, problemas familiares e alcoolismo. Após uma peculiar tentativa de suicídio, sua vida toma um rumo inesperado quando ele é obrigado a morar de favor com a tia de um amigo. Glória é uma senhora energética, que exige mais interações e boas maneiras do que ele está disposto a dar. A esse arranjo junta-se a falante vizinha Aracy e seus dois chiuauas grisalhos.
Da convivência inesperada e pontuada por atritos corriqueiros emerge um companheirismo que preencherá o vagar das horas. À medida que Joel se ambienta à nova rotina, ele se verá diante de uma última história formidável, e sabe que deve contá-la. Passado e presente se alternam neste romance entremeado da crueza da vida marginal e de dissabores afetivos.

Sem comentários:

Enviar um comentário